domingo, 13 de novembro de 2011

~* Não há mais nada a fazer...

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de mais nada a fazer!

~* Não era amor...

Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência, a saudade, a mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando a pé pra casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fadas, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem sequelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. NÃO ERA AMOR, ERA MUITO MELHOR!

~* Na real, o que é meu tudo?

Por mais que doa, não nasci grudada em você e nas suas promessas mentirosas, talvez seja uma boa hora de eu deixar que você ande sozinho, sem nenhuma ajuda minha, sem nenhum apego emocional. Vivo dizendo que você é tudo, mais na real, o que é o meu tudo? Estou indo atrás dele, e não venha dizer que eu não tentei, apenas pense o que você fez para chegarmos aqui - sem nenhuma perspectiva. Não sou de nenhuma maneira perfeita, mais quis muito que chegássemos a um estágio um pouco mais avançado, sem mentira, sem dor, sem ressentimento. Mais se não for pra ser que não seja, e se não foi, não foi. E se acaso achar que foi alguma injustiça, por favor guarde pra você, ou no lugar onde costumávamos guardar nossas coisas - o coração -, o lugar onde você vai estar sempre, sem nenhuma dúvida.

~* Qual o propósito da verdade?

Exigimos verdade nos sustentando em mentiras. Eu minto, tu mentes, todos mentimos. A questão não é dizer a verdade, a questão é falarmos o que nos convém. Expomos, na maioria das vezes, as nossas "qualidades" ou seria as qualidades que a sociedade nos impõe a pensar que devemos tê-las? Enquanto escondemos, deixamos guardado e, muitas vezes, até esquecemos do que somos. Escondemos por simplesmente ser mais cômodo, mais viável. Não somos o que somos. Somos o que querem que nós sejamos. Ou pelo menos, deixamos transparecer o que está de acordo com o padrão estabelecido pela maioria. É tudo tão sem sentido. Falar a verdade magoa, é duro, é pesado. Mas iludir, omitir, manipular é totalmente aceitável. Como posso exigir de alguém o que não tenho? É a velha questão do "dois pesos e duas medidas". Pedimos sinceridade, exigimos a verdade e o que estamos disposto a dar? Cuspimos a sordidez que está impregnada em nós. Engolimos o que nos é imposto, acatamos o que nos é dito, seguimos o que nos é determinado. Não, eu não sou diferente. Apenas estou enojada, cansada e saturada com o sistema que nos rege. Sistema este ao qual eu alimento. Estou cansada de falsas promessas, de recebê-las e também de fazê-las. Estou cansada em ver que caminhamos a passos largos em busca de algo ao qual nos ensinaram que deve-se correr, sem ao menos nos explicarem porque. Em contraste, estamos totalmente estagnados, em repouso, em relação ao propósito que suponho que a vida tenha.

~* A tão desejável definição...

A falta de definição, por si só, define a vida. Tudo é transitório, nossas manias, nossos pensamentos, nossos amores, nossos pontos de vista. Sabemos quem somos e o que sentimos, mas não sabemos até quando. Estamos em trânsito, e a definição só virá quando não estivermos mais aqui para entendê-la.

~* Forma de amor inviável...

Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso. Só nós dois sabemos que o que se sente não se trata - e é em nome deste intratável que um dia nos fez estremecer e que agora nos fez separarmos. Para lá da dilaceração dos dias, dos livros, discos e filmes que nos coloriram a vida, encontramo-nos agora juntos na violência do sofrimento, na ausência um do outro como já não nos lembrávamos de ter estado em presença.É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim.

~* Sofrer em silêncio!

Se é pra sofrer, que seja sozinha, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.

~* Não tenho uma palavra a dizer...

Será preciso coragem para fazer o que vou fazer: dizer. E me arriscar à enorme surpresa que sentirei com a pobreza da coisa dita. Mal a direi, e terei que acrescentar: não é isso, não é isso! Mas é preciso também não ter medo do ridículo, eu sempre preferi o menos ao mais por medo também do ridículo: é que há também o dilaceramento do pudor. Adio a hora de me falar. Por medo? E porque também não tenho uma palavra a dizer.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

~* A vida lá fora, me chama!

Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Deu meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: Agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: Eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua lisença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!

~* Ex é um direito adquirido!

Eu não tenho fobia de ex, ao menos não com um ex que tenha sido bem vivido, bem curtido. Fico mais apreensiva em relação àqueles que podem vir a ser casos passageiros, aventurazinhas bobas, mas que podem surpreender. Não temo fantasmas, temo gente bem viva, bem acordada, oferecendo novidades, fantasias. Ex é um direito adquirido. Chegou antes. Tem privilégios. Merece respeito. E se seu grande amor cair nessa armadilha, terminar com você e voltar para o passado, relaxe, não se apavore. Será sua vez de assombrar. O ex agora é você.

~* O amor não acaba...

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

~* Um dia a ferida cicatriza...

Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: não gosto mais dele, não quero mais saber daquele prepotente, desapareça,um, dois e já! Parece que funcionou. Você sai na rua para testar. Sim, você conseguiu: olhou vitrines, comeu um sorvete e folheou duas revistas sem derramar uma única lágrima. Até que começa a tocar uma música no rádio e desanda a maionese. Você não tirou coisa alguma da cabeça, ele ainda está lá, cantando baixinho pra você. Táticas. Não ficar em casa relendo cartas e revendo fotos. Descole uma festa e produza-se para matar. Você bem que tenta, mas nada sai como o planejado. Os casais que se beijam ao seu lado são como socos no estômago. Você se sente uma retardada na pista de dança. Um carinha puxa papo com você e tudo o que ele diz é comparado com o que o seu ex diria, com o que o seu ex faria. Chamem o Ecco Salva. Livros. Um ótimo hábito, mas em vez de abstrair, você acha que tudo o que o escritor escreve é para você em particular, tudo tem semelhança com o que você está vivendo, mesmo que você esteja lendo sobre a erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia. Viajar. Quem vai na bagagem? Ele. Você fica olhando a paisagem pela janela do ônibus e só no que pensa é onde ele estará agora, sem notar que ele está ali mesmo, preso na sua mente. Livrar-se de uma lembrança é um rocesso lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la. Com força é que a criatura não sai.

~* Nós mulheres temos raio-x!

Nós mulheres temos faro, não nos contentamos com a embalagem. É bem mais comum ver uma mulher linda acompanhada de um homem aparentemente sem graça do que o contrário. Não é só porque a concorrência é implacável e nos contentamos com o que sobra. É porque mulher tem raio-x: consegue olhar o que se esconde lá dentro. Se além de um belo coração e um cérebro em atividade ele ainda for apetecível, é lucro. Pena que a recíproca raramente seja verdadeira. Economizaríamos fortunas em cabeleireiros e academias se os homens fossem direto ao que interessa, na alma e no espírito, para os quais não adianta maquiagem.

~* Do que sou feita?

Eu sou feita de sonhos interrompidos detalhes despercebidos amores mal resolvidos Sou feita de choros sem ter razão pessoas no coração atos por impulsão Sinto falta de Lugares que não conheci experiências que não vivi momentos que já esqueci Eu sou Amor e carinho constante distraída até o bastante não paro por instante Já Tive noites mal dormidas perdi pessoas muito queridas cumpri coisas não-prometidas Muitas vezes eu desisti sem mesmo tentar pensei em fugir, para não enfrentar sorri para não chorar Eu sinto pelas Coisas que não mudei amizades que não cultivei aqueles que eu julguei coisas que eu falei Tenho saudade De pessoas que fui conhecendo lembranças que fui esquecendo amigos que acabei perdendo Mas continuo vivendo e aprendendo.

~* O dom de perdoar...

Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras; sou irritável e piro facilmente; também sou muito calma e perdôo logo; não esqueço nunca; mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente, mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes; as pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão; gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa,o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo; se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz; quanto a minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz; outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim - a do mundo grande e aberto; apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza...

~* Não serei a mesma pra sempre!

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes...tenho um apetite voraz e os delírtios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? Eu adoro Voar! Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperar de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem eu não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

~* Aquela moça com os olhos de ressaca...

Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça... ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraca e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

~* Atitude de recomeçar...

Eu apenas queria que você soubesse que aquela alegria ainda está comigo. E que minha ternura não ficou na estrada, não ficou no tempo, presa na poeira... Eu apenas queria que você soubesse que esta menina hoje é uma mulher e que esta mulher é uma menina que colheu seu fruto, flor do seu carinho... Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta, que hoje, eu me gosto muito mais porque me entendo muito mais também... E que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora... É se respeitar na sua força e fé, é se olhar bem fundo até o dedão do pé... Eu apenas queria que você soubesse que essa criança brinca nesta roda e não teme das novas feridas pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

~* Lembra-te da nossa música?!

A nossa música foi apenas uma ilusão. Tentamos enganar a nós mesmos com o que ela dizia, falava de como seríamos felizes e nos amaríamos eternamente. Pobre fantasias de adolescentes, não sabíamos nós que nada realmente dura apenas as marcas que carregamos em nossos corações. Lembra-te do que você dizia? Das promessas e juras de amor que me fizestes? Elas foram jogadas fora assim como a nossa música que hoje não passa de apenas palavras jogadas em um pedaço velho de papel em uma gaveta escura.