terça-feira, 18 de setembro de 2012

~* Bumerangue.

E o nosso amor é estilo bumerangue. Brigamos feito gato e rato, batemos a porta e, já perdi a conta de quantas vezes dissemos: “Estou indo embora, segue sua vida sozinho”. No final da noite é inevitável não lembrar do seu sorriso e do jeito que me irritava só pra me deixar brava. “Tudo vai acabar bem”, você dizia como se tivesse certeza disso. De um modo eu me sentia segura ouvindo essas palavras, mas era sempre assim, quando não era você, era eu que ia embora. Mas no final de tudo, você sabe, que é pra você que eu sempre volto.

~* Presa e solta.

O que é que você tem que não importa quantas voltas eu dê por ai, sempre acabo nos seus braços, hein? Me diz o que você faz, que sempre quando acho que a gente já deu no que tinha que dar, eu termino achando que você é meu fim, que não tem jeito? Quem é você, pra me ligar e me ganhar toda vez que eu desisto de nós? Como você chega na minha vida e me faz não imaginar mais vida sem você? Que tipo de ligação é essa? Que amor é esse, que cresce sem ser regado? Que cresce indesejado e continua crescendo sempre que eu tento cortar. Que tipo de felicidade em conta gotas é essa, que você me vicia? Qual é o seu segredo pra eu passar por cima da dor, dos conselhos, do tempo, dos outros caras, do mundo pra ter você mais e mais uma vez? Que loucura é essa de te imaginar nos meus planos de futuro? E em tudo que é meu. Como você se entranha em tudo que me cerca? E manipula, secretamente, tudo a seu favor. Cedo ou tarde, ao seu favor. O que você faz pra eu pensar no seu nome quando me perguntam sobre amor, filhos e coisas bonitas? Qual o teu segredo pra me fazer lembrar de você quando tudo ta dando muito errado com outro e muito certo também? Qual teu feitiço pra eu sentir saudades até dos seus defeitos e suas milhões de manias irritantes? Quem você pensa que é? Me fala. Teu encanto é esse, não é? É assim que você me prende, me deixando solta. É assim que você me responde, me enlouquecendo de perguntas. É assim que a gente se ama, um sendo do outro e pronto, sem respostas ou explicação. Do avesso, ao contrário, de ponta cabeça, apesar dos pesares, mas amor. E muito. E só. E único. E basta.

~* Disfarçando felicidades e chorando saudades...!

Não é a chuva, amor. Não é a saudade, o tempo devagar ou o vento soprando desordenado lá fora. Não é o sol se pondo ou nascendo. Também não é pela linha telefônica que vive a cair. É puro e simplesmente amor. É eu mal conseguir escrever agora porque chorei e choro ainda. Enquanto te disfarço felicidades, eu choro saudades. Se me calo – e muito me calo – é pra você não saber que naquele segundo eu estou implorando amor mais do que nunca, por vergonha de precisar de ti quando eu devia me bastar.

~* Um pouco masoquista, porém, minha!

O quão masoquista ou estúpido é continuar numa história que só faz doer, só porque se não fosse amor, você, supostamente, já teria desistido? Será que amor é isso? Tudo que eu sei é que me transformei numa vampira de mim mesma e todo esse sangue que ele faz escorrer todos os dias. Vez ou outra tento me alimentar de fruta, uma coisa mais leve, mas ele me faz um corte sutil e eu não posso evitar a recaída. O quão doentio é estranhar a felicidade? E afastar, num reflexo, esses caras bem resolvidos e aptos a um relacionamento saudável. Porque minha saúde é como de uma dependente química, talvez pior. Porque ninguém vê meu estado se agravando, ninguém corre pra me ajudar. Ninguém me interna e eu não tenho força de vontade pra me curar só. Rejeito a cura junto com as flores, as mensagens de bom dia e essas paixões sufocantes. Já até me corto sozinha e ninguém desconfia. Não pense, precipitada e equivocadamente, que não sou feliz ou sou uma dessas apáticas se arrastando por aí. Não grito minha dor, porque talvez eu até goste ou só tenha me acostumado. To sempre sorrindo e não é atuação. To bem assim. Só não tenta limpar todo o sangue e dividir meu peso, minha loucura. Não vem achando que tem a minha solução, como se eu fosse um problema. Não tenta me arrumar, porque a bagunça sou eu, você só pode aceitar ou não. Eu sozinha sou ótima, juro. Sem obrigações, cobranças, imposições, reajustes. Não quero me mudar ou reabilitar. Sei lidar com minha felicidade e tristeza, cada minuto, cada alto e baixo, sem querer salvar meu mundo fazendo o curativo barato. Porque meu mundo, presta atenção, não ta em perigo. Ele é isso e eu estou ótima, reforço. Se você prefere água parada, prateleira organizada, você troca de mundo, não tenta acalmar o meu. To bem sozinha, sou melhor só minha.