quarta-feira, 9 de abril de 2014

~* Primeiros Dias do Amor!

Sou uma viciada nos Primeiros Dias do Amor em recuperação. Foi e vem sendo uma época de altos e baixos, eu nunca sabia ao certo quando estava voando ou quando já era a queda, mais uma vez. Tive algumas overdoses, que me deixaram sequelas permanentes, ao que tudo indica, mas tudo parecia valer a pena pelos minutos contados entre as núvens. Quando acabava o efeito de uma droga, que eu jurava ser amor, eu partia pras outras, cada vez mais pesadas. Experimentei todos os tipos, todos os efeitos, fui diminuindo os intervalos entre uma droga e outra, pra poder voltar a voar o mais rápido possível. Tudo isso pelo mesmo motivo que todo mundo se rende aos vícios: queria refúgio. Eu queria, com todas as minhas forças, viver ali em cima, segura de tudo, num universo paralelo e bem mais interessante. Sempre achei esse aqui um pouco emocionalmente limitado. E tava tudo maravilhosamente bem enquanto eu tinha o controle da situação, mas não demorou muito pra que eu fosse dominada pelo vício. Dois meses era o prazo pra eu sentir coceiras e uma falta enorme do efeito novo de alguma droga ainda desconhecida. Situação enlouquecedora, abstinência do começo do amor. E demorou muitos começos e fins pra eu aceitar que estava doente e poder então buscar ajuda. Livros pesados, músicas fortes, filmes consistentes, amigas incríveis, paciência e autoconhecimento - tomei pílulas controladas. Tarja preta mesmo. Tô há alguns meses sem criar uma história fictícia em cima de alguém desconexo só pra fantasiar de amor por um mês. É um desafio diário, mas que eu tenho vencido com sucesso e vem ficando cada dia mais fácil, natural. Tomar a vida em conta-gotas. Quem diria? Até que não é ruim. Deus me livre virar refém de entorpecentes, viver nessa agonia sem fim. Saúde em primeiro lugar, que é pra eu nunca mais ficar doente assim.