segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

~* Reciprocidade

Eu queria esclarecer um grande mal entendido: a incansável busca das mulheres não é pelo cara perfeito. É pela reciprocidade. E a grande batalha não é contra os homens ou contra as supostas adversárias. É contra nós mesmas. Batalha bruta, guerra sangrenta e com muitos corpos pelo chão. O desânimo do "É sério? Não consigo querer ele nem um pouquinho? É realmente sério que eu tô fazendo isso de novo?" e o cansaço escapa em forma de suspiro. Colocar um cara maravilhoso na Friendzone dói mais na gente do que em vocês, podem acreditar. É uma sensação de impotência misturada com sadomasoquismo. É sentir milhões de tapas na cara, vindos de mim mesma. Por muitas vezes, eu fechei os olhos e desejei com todas as minhas forças que a minha pele reagisse. Que o beijo se encaixasse e o olhar me tirasse o chão. Eu fiz força pra querer, fiz força pra gostar, fiz força e fiz força. E quando abria os olhos era sempre a mesma coisa: vontade de ir embora e uma culpa que me embrulhava o estômago, por violentar os sentimentos. Assim como, por incontáveis vezes também, eu lutei pra sufocar cada poro do meu corpo, que gritava, pedia e implorava pelo corpo de gente que já chegou na minha vida me explicando, com uma maquete, que era encrenca e ia me fazer sofrer. Eu sei lá, tem gente que entranha na gente. E gente que o nosso corpo estranha. Expulsa. Mas aí é questão de organismo, você entende? Ou você gosta de alho ou não gosta. Não interessa se faz bem pra saúde, cabelo, pele, evita câncer, deixa imortal... Se você gosta, é maravilhoso e tempera tudo. Eu, como não gosto, tenho ânsia de vômito. E, se enfiar garganta abaixo, eu boto pra fora. Evito. E friso: mais por eles do que por mim. Ninguém merece ser vomitado assim.

~* Quase não te amo...

Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro. Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não morro com a sua presença. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.

~* Amor é tudo o que tenho para dar!

O amor, abusado e espaçoso, que entra sem bater na porta e se instala é o mesmo amor, egoísta, que vai embora e leva tudo com ele. Leva o que ele construiu, o que já encontrou pronto e leva – principalmente - todos os espaços entre os dois ex-amantes. Veja só, não coube sermos amigos, não couberam programinhas num fim de semana parado. O clima pesado de te olhar e não te pertencer me angustiava, o alívio de estar feliz por estar fora de nós me esmagava. Acho que o fim de nós, também rompeu os laços, quem diria? Sempre acreditei que não. Sempre preservei a ligação especial que a gente tinha, apesar e acima de qualquer outra coisa. Mas a ligação se desligou, é uma pena. Um pouco triste nosso tudo ter se transformado em coisa tão pequena, numa história pra contar. E, hoje em dia, nem me soa como uma história bonita. Que ironia. Tanto estrago e tanto grito pras paredes. Tantas palavras que cortavam mais do que a navalha mais afiada desse planeta. Viramos cicatrizes. Odeio não ser capaz de começar a falar de você, sem terminar falando de dor. Mas não te odeio não, viu? Queria dizer que te perdoo, de verdade. Talvez não por merecimento seu, mas pelo mesmo motivo que perdoei todos os outros e vou perdoar todos os próximos: porque amor é tudo que eu tenho pra dar. Porque só sentimentos bons ficam guardados no meu peito. Se você foi um imbecil, tudo bem, foi, tá feito. Mas sou tão amor, que sou incapaz de odiar.

~* Sensibilidades à flor da pele...

Dizem que sensibilidade demais atrapalha. Que expor o que sente é estar vulnerável demais ao outro. Agora me explica, como é que se vive feliz engasgando emoções e sentimentos? A gente se mata um pouco por dia para ser igual a quem adia a felicidade de se traduzir nas vontades que se fazem colorir? Não aprendi a esconder o meu sentir, transbordo com muita facilidade. Os olhos brilham mais, o sorriso se desenha de ponta a ponta. É um carnaval fora de época controlando o meu corpo. É descompasso que vale a pena, frio na barriga que compensa a ausência de razão. Ser sensível demais, me faz ser corajosa para viver nessa selva de gente rasa e medrosa.

~* Apenas um sapo enfeitiçado!

Os homens que mais fazem a cabeça das mulheres não são os cheios de músculos, nem os que têm porte de artista. Estes chamam atenção de mulheres inexperientes, que selecionam os homens superficialmente. Estou falando da maioria das mulheres, as que aprendem cedo, afinal, as mulheres amadurecem mais rapidamente que os homens. Falo das que conhecem seu corpo, sabem o que querem, que já não se contentam com conversa mole nem com promessinhas adolescentes. Uma mulher, uma mulher de verdade, com "M" maiúsculo, ela prefere um homem que ri de seu bom humor, que acha humanamente normal seus defeitos, que respeita suas necessidades. Ela prefere dividir a conta com um cara gentil, do que passar a noite ao lado de um cabra mal educado e estúpido. "Ah Patty, mas eu não ligo pra carinho": meu bem, a maioria espera sim, e se frustra com isso. Uma mulher que entende do riscado, ela valoriza um homem perfumado, que cuida do corpo, que estuda, que lê. Um homem quanto menos invasivo, mais profundo ele é. Quanto mais delicado, mais sexy. Quanto mais despretensioso, mais instigante. Até a mais desapegada e descoladinha, fica de perninhas bambas diante de um homem gentil e simples. Eu disse "simples", não relaxado. A gente não gosta de homem fresco. A gente se amarra num cabra macho. Normal, sem não-me-toques. Simplesmente macho. A gente se encanta com um belo sorriso. A gente valoriza parceria. Fugimos dos problemáticos. Depois que uma mulher aprende a reconhecer um homem de verdade, ela não se encanta mais com qualquer sapo enfeitiçado.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

~* Dona de mim

Tenho estado mais quieta. Mais centrada. Tenho traçado novas metas. E tenho me empenhado (muito diga-se de passagem) para fazer tudo seguir o fluxo normal. Não quero colocar tudo a perder por um deslize que seja do coração. É. Estou sendo mais racional agora. Dá até vontade de rir, porque é tão contraditório silenciar meu coração, mas eu precisava. Não quero mais misturar as coisas. Não posso mais me envolver em pedaços de rascunhos que nem sempre prosseguem numa nova história. Acho que me fechei dessa euforia toda de ficar conhecendo e desconhecendo pessoas. De ficar promovendo encontros, descobrindo afinidades e ver tudo ir ralo abaixo porque estamos conjugando os verbos em tempos diferentes. Não quero ser o passatempo ou o deslize do fim de noite. Não estou procurando, até porque me convenci que essas coisas acontecem e é isso que tenho feito, tenho deixado me encontrar. Não quero mover mundos para ir de encontro ao casual ou experimental. Matar carência é diferente de estabelecer uma nova relação. Não dá para trocar figurinhas e depois esperar que a pessoas seja a forma perfeita de todas as idealizações malucas que colecionamos pela vida a fora. Não cola e frustra demais. Tenho faxinado o coração, tenho me permitido ao novo, mas não perco tempo com o que não me acrescenta. E não adianta dizer que sou careta, se não me faz sentir um arrepio que seja, eu descarto. Não quero uma vida morna, sem graça, sem adjetivos e superlativos. Tenho estado mais quieta, mais dona de mim.

~* Dois corações e um leque infinito de possibilidades...

Vieram me dizer que a 'culpa' por não estarmos mais juntos, foi minha. Tudo bem. Lá se foram quase seiscentos e sessenta e cinco dias longe de você tentando prosseguir com a minha vida sem esperar demais dos meus ombros, e pronto: o peso chumbo volta a me assombrar. É fácil olhar pra nós dois e dizer que a culpa foi minha. Cabia a mim batalhar por nós dois, não é verdade? Era minha missão afogar o que eu acreditava e ceder a todos os seus caprichos, por mais machistas que eles fossem. A culpa foi minha por não ser a bonequinha que você coloca na estante e usa quando tem vontade. A culpa foi minha por querer alçar voos altos e enxergar além do quadradinho perfeito que desenhamos. Ok. A culpa foi minha por ser teimosa, por ser birrenta, por saber o que eu já queria e por cobrar tanto de você. Não me isento disso não. Eu pegava no seu pé mesmo, eu cobrava ações e atitudes mesmo. Não era fácil estar ao meu lado. Mas quer saber, era esse lado todo auto suficiente que fez você me olhar diferente, que fez você querer estar ao meu lado. Foi esse lado impulsivo que nunca mede as consequências que te trouxe pra perto. Foi. Mas deu no saco, não é? Não controlar o que eu quero, quem eu sou, para onde vou. Dá trabalho e irrita, não é mesmo? Não ser o centro do meu universo tempo integral acabou sendo assustador, não foi? Pois bem, admita sua parcela de culpa. Pegue seu punhado nos pesos e engole a seco pra variar. Vasculha nas suas rachaduras o quanto que deixou de falar, de sentir, de viver por medo. Medo de se entregar, medo de ir além, medo de não poder se controlar. Medo de ser humanamente normal e vulnerável a alguém. Injeta essa dose extra de nostalgia na veia e refaça os nossos caminhos. Não foi fácil dar um fim na nossa história, se levarmos em consideração o tanto de vezes que você só colocou um ponto e vírgula fica ainda pior, por isso me aborrece tanto essa parcela de culpa que não resolve nada. Que não transforma o enredo, que só ameniza um lado dessa situação compartilhada. Se é para eu carregar a culpa de não ter dado certo, que você carregue a culpa de não ter feito nada para mudar isso. Uma relação não se faz sozinha. Não se transforma sozinha. São dois corações, quatro mãos e um leque infinito de possibilidades. Se vai me culpar, olha pra você também.

~* Cicatrizando a ferida...

Eu quis desacelerar. Quis puxar o freio de mão. Procurei o botão de liga e desliga e nada. Não havia escape. Não havia placas sinalizando o caminho certo. Eu fiquei perdida. Fiquei deserta nas emoções avessas que consumiam a minha razão. Eu só queria ter certeza que tudo ficaria bem. Abri mão de muitas coisas, deixei passar oportunidades para me moldar no que julgava ser o melhor para mim. Eu já não sei se era preguiça de me refazer quando tudo desse errado ou só descrença de que de fato estava me fazendo bem estar ali. Sou daquelas que acredita que quando tá tudo em ordem você não se põe a prova ou cai na dúvida. Se desconfia é porque algo está fora do lugar. Nem sempre solto no ar, mas solto em algum canto dentro da gente. Eu não queria me frustrar outra vez por não ter agido na hora certa ou por não ter corrido atrás por orgulho bobo, entende? Eu deixei tantas lacunas em aberto para não pisar no calo alheio e ouvir o que eu não precisava ouvir. Cabeça quente não combina com grandes decisões e talvez por isso eu tenha aprendido a finalizar os meus receios sem contar necessariamente com o ponto final desenhado do outro. Se não rende, se não corresponde, eu mesmo vou lá e cicatrizo a ferida. Não é fácil, mas é preciso. Não alastro os meus dias com reticências descabidas de quem ainda não se encontrou. Isso machuca e acaba estragando as boas lembranças; Eu sou exagerada demais para abafar os ecos que gritam dentro de mim. Não consigo. Eu tento, mas o máximo que garanto é o coração na boca pronto para explodir. Não quero ser refém das minhas escolhas, da mesma forma que não quero ser espelho das minhas pressas. Só tenho tentado respirar sem causar maiores estragos.

~* Amor fantasma...

Eu passei daquela fase maluca de ficar indo atrás. Não é orgulho. É um misto de amor próprio e bom senso. Não acredito que o amor deva ser implorado. Dessa forma não me obrigo a correr atrás de quem não quer ficar. Se não há interesse de ambas as partes em consertar, pra quê apelar? Ficar com alguém por pena ou gratidão pelos anos (já) vividos é jogar a própria felicidade pela janela. Você se frustra por não alçar novos voos e culpa o outro por isso. Com o passar do tempo a gente entende que quando a disposição de ficar juntos passa, o mais digno que podemos fazer é seguirmos separados. O amor quando morre machuca, mas quando ele não existe mais e você insiste em amar por dois o abismo da dor é ainda maior. Olhar pro lado e saber que não é recíproco fere a alma. Obrigar alguém a permanecer é ser infeliz para sempre.

~* Amor em conta-gotas!

Eu me viro do avesso pra te encontrar e ninguém entende. Saio da minha zona de conforto, te procuro e me esforço. Eu vou até você. Sem precisar fazer a linha blasé, eu me rendo em parcelas e o mais disfarçadamente que sou capaz. Em troca, ganho paz. Minhas amigas acham um absurdo e diagnosticam, sem dó, piedade, ou meias palavras, que você só tá há muito tempo sem comer ninguém e por isso me procura. Diagnóstico que não me abala, porque em momento nenhum eu deixei de viver a minha vida em prol desse sentimento intruso e com rugas. Eu sorrio porque tá tudo bem, não preciso de nada a mais que você no conta-gotas. Você em doses homeopáticas, pra nunca ser em excesso. Pra nunca perder o efeito de tudo isso em mim. Gosto da gente com recesso. Quero beber você no gargalo, quietinha, e guardar na geladeira, pra que todo mundo que te bote no copo, te beba com vestígios de mim.

~* Mas ainda te odeio da boca pra fora, e te sinto da boca pra dentro!

Moço, eu poderia dizer que tudo não passou de um sonho bom que acabou. Poderia dizer que o conto de fadas perdeu a graça e que numa bela manhã de outono resolvemos florir em outros cantos. Eu poderia dizer pra todo mundo que nossos sonhos não combinavam mais e que havia a tal incompatibilidade de gênios. Mas diz, o que isso iria mudar a nossa vida? Boca pra fora a indiferença declarada, boca pra dentro o coração queimando com a incerteza de saber se aquela dor iria passar ou não. Eu poderia ter dito que perdi tempo ali, escrevendo história, fazendo planos, sonhando alto enquanto a lua envolvia e o seu sorriso me direcionava. Eu poderia dizer que as noites que passei em claro confidenciando meus medos e de certo modo sanando minhas angústias foram em vão. Eu poderia dizer que seu abraço nunca me preencheu, que sua instabilidade foi o estopim para o fim. Poderia dizer que sua insegurança era o adubo pro desgaste e que entre seu ciúme e sua mania absurda de tentar controlar tudo nos perdemos. Mas não. Pra quê tirar a cor do amor que até ontem fez os meus olhos brilharem? Pra quê negar a vontade que tive de colecionar o para sempre com você? Pra quê me fazer de forte se ainda lembro do seu sorriso e o timbre da sua voz ainda me tira do eixo? Eu poderia dizer muitas coisas que mudariam a forma de ver você. Mas eu ainda te odeio da boca pra fora. E ainda te sinto da boca pra dentro.

~* O preço da poesia...

Em meio aos meus rascunhos você não dói tanto quanto na realidade amarga que a vida me enfia goela abaixo. Não dói sentir você em meio aos versos, não me atrapalha vê-lo em parágrafos começados seguidos de entusiasmo e reticências. Não custa. Não machuca. Alivia o burburinho que se aloja no coração e só. Na realidade prática, onde a poesia não impera, tudo é diferente. Você se transforma no vilão. Rouba o meu equilíbrio e nunca (cor)responde aos meus porquês. Não consigo filtrar o que é certo e o que é errado. Acabo andando em círculo por horas a fio até desligar você do meu pensamento. Nunca é pretérito, sempre tem um quê no presente que te resgata mesmo quando eu não quero. Chega a ser vício. E isso me preocupa. Os vícios não fazem bem. Adiam a felicidade. Jogam a paz pela janela. O vício machuca. Afugenta as certezas. É. Este é o problema da poesia, tudo ganha cor, tudo ganha brilho e intensidade, mesmo que na realidade custe um coração atropelado e um juízo desajustado.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

~* Aquela cheia de contradições

Eu já quis fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo até entender que é preciso dar um passo por vez. Já tentei criar atalhos e pular etapas até perceber que o caos é que decididamente nos transforma. Eu já fiz do meu travesseiro o meu melhor confidente. Aprendi que as dores que cabem devem ser sentidas até o fim e que o mundo ali fora não precisa conhecer os olhos inchados ou o tanto de medos que carrego dentro do bolso junto comigo. Eu já andei na linha, fiz malabares e aprendi que bonito mesmo é se permitir. Não importa qual o caminho a ser traçado, desde que haja disposição para viver e lidar com as consequências. Eu já disse sim precisando dizer não e já disse não querendo dizer sim. Já me despedi antes de encerrar a história e já prorroguei o final por medo de dizer adeus. Sou contraditória eu sei, mas sou humana. Me arrisco todos os dias por um sorriso sincero que enfeite a minha face. Não sei viver de faz de conta. Ou eu sinto as mãos suarem ou não sinto nada.

~* Dias Cinzas...

Hoje amanheci cinza e decidi não colocar cor. Assumi o preto no branco. Coração tem precisado de tempo, de espaço, de pontos e vírgulas. Ando deixando pra lá a tristeza, tenho adiado o silêncio necessário. Não é todo dia que estou disposta a cutucar o que me dói. Na verdade me falta vontade de doer tudo que preciso. Me faço de forte, crio muro de granito, desconverso quando o calo aperta. Às vezes não gosto de estar vulnerável ao sentir. Vou vivendo um dia de cada vez, construo pontes, ensaio rotas alternativas e quando tudo sufoca crio atalhos pra felicidade. Pinto o dia com o azul calmaria e o verde tracejado em esperança. Alimento os bons pensamentos e sonho alto outra vez. Mas tem dias que não dá. Preciso sossegar. Aquietar e abraçar as minhas dores e limitações. Acentuo o que preciso acentuar e silencio. Me refugio. Para que tudo se ajeite sem muita prorrogação. Não fujo dos dias cinzas. Eles me equilibram.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

~* Um momento de calmaria!

Não tô vivendo um dos momentos mais fáceis da minha vida e o meu reflexo é me isolar. Não ao extremo de ficar trancada no quarto, mas programas leves com amigas muito próximas é o máximo que o meu corpo tem pedido ultimamente. Preguiça de socializar, rir pra parecer simpática, disfarçar a vontade constante de ir embora. Ando sem paciência até para as redes sociais, só queria deitar e esperar o mar ficar mais calmo. Não posso me dar a esse luxo de pausar a vida, tudo bem. É um processo tão interno, que eu nem estaria escrevendo esse texto se não fosse você no meio do caminho. Você que não é pedra, então foge imediatamente do perfil que eu costumo encontrar. Você que faz com que eu queira me isolar a dois e pense que as coisas não andam tão ruins. Eu queria um jeito de bloquear os flashes da sua mão esquecida na minha coxa ou as lembranças em câmera lenta da sua risada gostosa. Porque, ter tanta saudade de algo tão recém-nascido me assusta e me parece algum tipo de aborto. Eu ouço sirenes soando e vejo uma faixa amarela em volta, sem saber se anuncia salvação ou perdição. E acho que, na verdade, não quero saber. É bom e basta. Não é assim? Tô quietinha, sem complicar, sem esperar, sem me desesperar calculando o fim. Todo e qualquer alarme é sufocado pelos suspiros de paz a cada mensagem e eu aceito a condição do risco, por todos esses sorrisos impossíveis que você arranca de mim.

terça-feira, 8 de julho de 2014

~* Coleção de meninos

Só fala comigo, se tiver algo que preste pra falar, pode ser? Queria andar com isso escrito num crachá, por aí. Tô assim, tô chata, eu sei. Desenvolvi uma preguiça de gente, que me consome e eu me rendi. Quando uma amiga me mostra o novo carinha gato do lugar, eu olho e só consigo pensar "Tão novo, tão raso, tão bobão. Prefiro dormir". Ele é um tipo de semi-Deus, mas eu não consigo levar isso em consideração, juro que tento. E quase ninguém entende. Tudo bem, há um tempo atrás nem eu entenderia. Mas é que eu já conheci tantos tipos, tantas pessoas imbecis, já perdi tanto tempo, que eu resolvi me poupar. Já aprendi tudo que tinha pra aprender com gente que nunca teve nada para ensinar. Resolvi me aposenta. Porque esse tipo de experiência unilateral já não me convém. Tô em outro momento, tô muito além e gostaria de contar com a colaboração de todos. Então fica meu apelo: homens, vocês não precisam ser príncipes, perfeitos, modelo de homem da vida não. Podem não valer nada. Podem ter o passado negro e o presente da mesma cor. Podem querer só sexo e fazer de tudo para conseguir. Mas, por favor, tenham algo a acrescentar! De verdade. Façam por merecer o sexo casual. Façam valer a pena essa noite, mesmo que não passe disso. É pedir muito? Não se acomodem em ser bonitos. Não se esforcem pra ser só isso. Falem bonito. Façam bonito! É mais importante. Eu fico até com pena quando testemunho algum homem prometendo filhos, amor eterno e futuro feliz, só pra dormir com alguma mulher. Se esse é o seu único artifício, sério, você nem merece o pinto que tem entre as pernas. Eu acho que o meu pedido é simples. Que o meu cansaço é justo. Cafajeste, romântico, nerd, tanto faz. Gato ou não. Por uma noite, uma semana, um mês, uma vida...não interessa. Seja interessante, que aí a gente conversa. Caso contrário, não precisa nem perguntar meu nome. Já completei coleção de meninos. Agora só trabalho com homem.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

~* Expelindo o amor

Nosso corpo expulsa ameaças e tudo que já não presta. Com um certo atraso, meu coração finalmente espirrou você. Nunca me senti tão aliviada. Sem mágoas, sem rancores, sem ódio ou arrependimentos. Foi maravilhoso, há muito tempo atrás. Foi pesadelo, mas já não importa mais. Te expeli, graças a Deus. Conquistei paz. Acontece que levou muito tempo pro meu corpo identificar seu corpo como estranho no meu. Demorou uma eternidade pro meu organismo te detectar como perigo e eu não tenho mais esse tempo pra perder. Essa saúde pra arriscar. Acabei alérgica ao amor, pra não terminar doente dele outra vez. Mas é alergia restringida ao amor barato, que infelizmente é maioria, pelo menos nas esquinas que eu cruzo. Pseudo amor que só serve pra virar câncer dentro da gente e dar trabalho pra curar. Tudo isso pra que, meia dúzia de dias felizes? Não vale a pena, muito obrigada. Minha balança tá afiada, depois de tanto tempo sem usar. Só depois de conhecer os dias de angústia, entendi o valor dos dias calmos, mesmo que o vazio dê as caras em meio á tanta calmaria, de vez em sempre. Porque até o nada é muito melhor do que a dor da não reciprocidade. O peso dos planos rasgados, porque era patético planejar futuro pro que nem tinha presente. A saudade que violenta e grita sempre que você tá ali, sofrendo sozinha. Ninguém entende quando eu falo, com a maior propriedade do mundo, que é melhor ficar só, do que mal acompanhada. Não é hipocrisia, eu quero muito um amor verdadeiro, sinto falta de ser dois e não escondo de ninguém que ser sozinha cansa. Mas reforço: quero amor verdadeiro. Menos que isso, eu espirro. É tudo questão de pôr na balança.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

~* Primeiros Dias do Amor!

Sou uma viciada nos Primeiros Dias do Amor em recuperação. Foi e vem sendo uma época de altos e baixos, eu nunca sabia ao certo quando estava voando ou quando já era a queda, mais uma vez. Tive algumas overdoses, que me deixaram sequelas permanentes, ao que tudo indica, mas tudo parecia valer a pena pelos minutos contados entre as núvens. Quando acabava o efeito de uma droga, que eu jurava ser amor, eu partia pras outras, cada vez mais pesadas. Experimentei todos os tipos, todos os efeitos, fui diminuindo os intervalos entre uma droga e outra, pra poder voltar a voar o mais rápido possível. Tudo isso pelo mesmo motivo que todo mundo se rende aos vícios: queria refúgio. Eu queria, com todas as minhas forças, viver ali em cima, segura de tudo, num universo paralelo e bem mais interessante. Sempre achei esse aqui um pouco emocionalmente limitado. E tava tudo maravilhosamente bem enquanto eu tinha o controle da situação, mas não demorou muito pra que eu fosse dominada pelo vício. Dois meses era o prazo pra eu sentir coceiras e uma falta enorme do efeito novo de alguma droga ainda desconhecida. Situação enlouquecedora, abstinência do começo do amor. E demorou muitos começos e fins pra eu aceitar que estava doente e poder então buscar ajuda. Livros pesados, músicas fortes, filmes consistentes, amigas incríveis, paciência e autoconhecimento - tomei pílulas controladas. Tarja preta mesmo. Tô há alguns meses sem criar uma história fictícia em cima de alguém desconexo só pra fantasiar de amor por um mês. É um desafio diário, mas que eu tenho vencido com sucesso e vem ficando cada dia mais fácil, natural. Tomar a vida em conta-gotas. Quem diria? Até que não é ruim. Deus me livre virar refém de entorpecentes, viver nessa agonia sem fim. Saúde em primeiro lugar, que é pra eu nunca mais ficar doente assim.