terça-feira, 18 de agosto de 2015

~* Todo mundo gosta de se apaixonar?

Um amigo afirmou, cheio de certeza, que todo mundo gostava de se apaixonar, não tinha jeito. E, quando viu minha careta involuntária, perguntou “Vai dizer que você não gosta?”. Nunca tinha parado pra pensar sobre isso, não tinha uma resposta construída pra essa pergunta. Mas era uma certeza tão interna, que não precisei elaborar: não, não gosto. E já me explico. Como qualquer ser humano do planeta, eu amo a sensação de anestesia de uma paixão. O sorriso estampado, sem nem que a gente perceba que moveu os lábios, o pensamento longe, o coração disparado. A paz no peito e as coisas muito mais coloridas. Mas eu não suporto e não sei lidar com a vulnerabilidade que me é injetada nas veias, automaticamente. Não gosto de perder o controle da única coisa que eu posso controlar na vida: eu mesma. Odeio esse passo de dança, de ter que jogar o peso do meu corpo, confiando que o outro vai segurar. Odeio porque ninguém nunca segurou. Então os segundos incríveis que eu tenho, achando que tô voando, nunca compensam a queda bruta. Porque é isso: me jogar e contar os segundos até o chão. A sensação de estar nas nuvens é só delírio do amor. O show não vale o ingresso, você me entende? Estar apaixonada é doce, do tamanho de uma balinha Tic-Tac. Depois disso, o amargo engole a gente. E eu quase não lembro o gosto do açúcar. Um dia meu amigo vai entender.

~* Um tal alguém...

Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana. A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele. A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não. A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda. Amor que é luta é ego. Amor que rebaixa é dor. E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não serve. Fique com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não tenha meias palavras. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples. Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora. Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros. Fique com alguém que não deixe existir zonas nebulosas. Que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem. Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa. Fique com alguém que não tenha traumas. Que não tenha assuntos mal resolvidos. Que saiba que pra ser feliz, tem que deixar o passado passar. Fique com alguém que só tenha interesse no futuro e que queira esse futuro com você. Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais. Fique com alguém que te transborde. Que te faça sentir que você vai explodir de tanto amor. Que te faça sentir a pessoa mais especial do universo. Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados. Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for. Que planeje com você um casamento na praia, uma casa no campo e um labrador no quintal. Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você. Fique com alguém que não se esconda. Que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça. Fique com alguém cujas palavras complementam suas ações. Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade. Fique com alguém que acredite que você é capaz de tudo aquilo que queira. Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas. Fique com alguém que te olhe da cabeça aos pés e saiba, sem hesitar, que é você e só você. Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

~* Vai saber...

Eu não sei como tem gente que ainda aguenta festas todos os finais de semanas. Sério. Ando tendo preguiça de festas. Só de pensar que terei que aguentar um salto alto maltratando meus pés, uma ressaca maldita no dia seguinte e um monte de homens idiotas-retardados-que-saem-de-casa-atrás-de-alguém-pra-transar, já me dá vontade de me jogar na cama e dormir. Ando preferindo banho quente, cama aconchegante e algumas besteiras pra comer do que passar a noite em farra. Sair na noite, encontrar um monte de babacas (que vai de ex-ficantes a garotos que querem estar na sua lista de ficantes) e ainda ter que bancar a simpática, mas na realidade a vontade é de mandá-los á merda. Ando sem paciência mesmo. Sem paciência com coisas fúteis. Sem paciência em sair, encontrar alguém legal, trocar uns beijos, whatsapp, instagram e Facebook. E então você pensa que o cara é demais e você acha que vai começar a namorá-lo, mas a criatura vai sumir da sua vida e partir pra outra sem dó. Já passei por isso várias vezes, mas não passo mais. Não desisti do amor, não perdi a fé nele, mas se encontro alguém bom o suficiente pra me namorar e ele não pensa em namorar, casar e ter filhos eu já dispenso logo, não fico nessa ladainha de ficar-sem-compromisso e esperar o cara mudar. Não perco tempo com gente sem futuro e principalmente com gente que não sabe o que quer da vida. Eu sei o que quero da minha vida, eu tenho metas, planos e sonhos para ser realizado. E se o cara ainda quer apenas se aventurar, sugiro procurar por outra pessoa, por que eu... Ah, eu tô fora. Tem gente que diz que vou morrer solteira desse jeito. Mas, não penso dessa forma. Eu nasci pra amar e ser amada e não pra ser mais um contato na lista de um monte de macho, pra eles correrem atrás, apenas quando querem sexo. Acho que posso chamar tudo isso de amadurecimento. Ou estou apenas ficando velha, chata e exigente. Vai saber...

~* Você não é mais meu tipo.

É sempre bom saber que o ex sente saudades, mas você é um prazer singular saber que te faço falta até hoje. Porque você é muito mais que um cara do meu passado, você é um divisor de águas na minha vida. Acho que nem tem ideia da imensidão disso... mas sou outra depois de você, em todos os sentidos possíveis. Na sua época, durante muito tempo, eu me esforcei pra ser o tipo que você gostava: a mulher descolada, com maquiagem pesada e roupa colada, que vive em balada, com um copo de vodka na mão. Mas eu era só uma menina, nunca conseguia ser tudo isso, não importava o quanto eu me esforçasse. E eu ouvia você falando, de boca cheia, que fulana era a mulher mais linda do lugar e eu teria dado o mundo, se pudesse, pra ser ela. Acho que você nunca percebeu o quanto isso era cruel. Nem o quanto ela, de perto, era sem graça. Eu fui de balada em balada pra te impressionar, gastei litros de demaquilantes e até me acostumei com o gosto da vodka. Eu fui felicidade atendendo suas ligações bêbado de madrugada, eu fui esperança, fui muito amor, até o dia que eu fui embora, porque eu era qualquer coisa, menos eu. E foi um parto perceber que eu tinha me perdido de mim. E um parto maior ainda entender que você não valia um terço dessa missa. Que o seu tipo é vazio, é pouco, é da menina de nariz empinado, trocando as pernas no banheiro daquela boate chata, que eu tive pena. Aí eu tive pena de você também. E o mais importante: parei de sentir pena de mim. Descobri quem eu sou e eu sou o contrário de tudo que você achava tão lindo. Sou uma festinha com MPB no meio da rua, sou short e blusinha e maquiagem leve. Agora é um novo tempo, só quero ser feliz! Não quero impressionar ninguém. Sou tão outra, que você nem me conhece mais, sabia? Mas olha isso: Hoje, na minha época, você reparou que eu sou linda, muito gente boa e que tô um mulherão. Parece até piada essa sua falta de padrão. Olhei pra trás, te olhei de perto e ouve que esquisito: você passa longe, muito longe de fazer meu tipo.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

~* Conto de fadas para mulheres do séc. 21...

“Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas …uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre… E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo….den…do! FIM.”

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

~* O tal de dedo podre...

Do dedo podre ninguém escapa, mas escolher repetidamente cometer os mesmos erros já parte de uma escolha sua. Se você já está cansada de saber o caminho, se já decorou todo o repertório e ainda assim persiste em novas chances, não culpe o universo pela sua insistência em sofrimento opcional. Isso mesmo, esse sofrimento é opcional até você decidir que não vai mais viver na sarjeta esmolando afeto e atenção de quem não dá a mínima para você. Ser vítima cansa e só te prende ao não amadurecimento. Você precisa se priorizar, decidir o que vale a pena e o que não vale. Tentar é saudável quando você consegue avançar um novo passo e não quando você regride todos os outros que te custaram portas fechadas e joelho ralado. Você precisa estabilizar um limite. Impor uma condição. Não ser refém de quem não sabe o que quer. Não crie desculpas para desperdiçar o seu tempo com história que não te acrescenta e não te traz paz. Dedo podre a gente tem algumas vezes na vida, até descobrir o que a gente merece de verdade, depois disso, é sofrimento opcional.

~* A vida é um belo aprendizado!

Com o passar do tempo aprendi a priorizar o que me faz bem de verdade. Deixei de aceitar esmolas e colecionar migalhas. Aprendi a ter o tempo como aliado e não inimigo. Deixei de me precipitar diante das escolhas e passei a confiar mais na minha intuição. Aprendi a persistir sem insistir demais em melodia parada. Entendi que desistir não é fracassar, é só deixar a porta aberta para que novas histórias aconteçam. Aprendi que dor de amor não mata e com a chegada da tal maturidade a gente aprende a sofrer com mais dignidade. Não é preciso plateia, você cai e levanta sem provar nada pra ninguém. Aprendi que por acaso é uma maneira carinhosa de Deus nos presentear com pessoas e momentos especiais e que vez ou outra eu só vou compreender a razão disso tudo lá na frente. Aprendi que colocar os pés pelas mãos é inevitável e além das cicatrizes quando tudo dá errado, coleciono as maiores aventuras. Aprendi que correr risco é obrigatório e viver em cima do muro bloqueia novas experiências, os tombos são eficazes pro nosso crescimento. Aprendi que joelhos ralados contam as inúmeras oportunidades que me dei de acertar e ser feliz. Aprendi que a vida acontece e que quando tudo começa a se encaixar é bem provável que tudo se vire do avesso outra vez e o grande barato está aí.

~* Remar...Re-amar...Amar!

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. Ta me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, é só me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar... Re-amar... Amar!

~* Livre e espontânea vontade...

A cena era muito simples: nós dois, um bar e eu mexendo no cordão dele- que era só um acessório, mas eu, como sempre, interpretava mundos naqueles pingentes. Uma chave e um cadeado sem espaço para chaves. Um cadeado que só abriria com a força bruta, arrombado, quebrado, violentado. E essa ideia se espalhava pelo meu pensamento, se ecoando e desdobrando em mil possibilidades e hipóteses e simbolismos implícitos. Ele falava sobre a origem da chave, pulava pra outro assunto, depois outro e outro, mas eu já tava presa na metáfora da chave. “Tô chateada que o seu cadeado não abre.”, deixei escapar como um soluço. Porque a cena, apesar de muito simples, sintetizava toda a minha vida, minha sina e meu vício. O hábito de desligar a minha atenção do mundo e deixar passar todos os avisos, diálogos, sinais, todas as verdades, enquanto eu maquino uma maneira sutil de invadir cadeados. Me senti ridícula e aliviada por me sentir assim a tempo. Antes de qualquer processo bruto de tentativa de abertura. Sem ter tido que usar a força: nem pra ficar, nem pra ir embora. Porque meus joelhos já não suportam o peso de entrar pela janela. Os arranhões ensanguentados de procurar uma chave inexistente embaixo do tapete, dia após dia. Agora, se não me der a chave da porta da frente, por livre e espontânea vontade, eu respeito a tranca. Eu levanto bandeira branca, pro vermelho não me simbolizar sangue, só amor.