terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

~* O tal de dedo podre...

Do dedo podre ninguém escapa, mas escolher repetidamente cometer os mesmos erros já parte de uma escolha sua. Se você já está cansada de saber o caminho, se já decorou todo o repertório e ainda assim persiste em novas chances, não culpe o universo pela sua insistência em sofrimento opcional. Isso mesmo, esse sofrimento é opcional até você decidir que não vai mais viver na sarjeta esmolando afeto e atenção de quem não dá a mínima para você. Ser vítima cansa e só te prende ao não amadurecimento. Você precisa se priorizar, decidir o que vale a pena e o que não vale. Tentar é saudável quando você consegue avançar um novo passo e não quando você regride todos os outros que te custaram portas fechadas e joelho ralado. Você precisa estabilizar um limite. Impor uma condição. Não ser refém de quem não sabe o que quer. Não crie desculpas para desperdiçar o seu tempo com história que não te acrescenta e não te traz paz. Dedo podre a gente tem algumas vezes na vida, até descobrir o que a gente merece de verdade, depois disso, é sofrimento opcional.

~* A vida é um belo aprendizado!

Com o passar do tempo aprendi a priorizar o que me faz bem de verdade. Deixei de aceitar esmolas e colecionar migalhas. Aprendi a ter o tempo como aliado e não inimigo. Deixei de me precipitar diante das escolhas e passei a confiar mais na minha intuição. Aprendi a persistir sem insistir demais em melodia parada. Entendi que desistir não é fracassar, é só deixar a porta aberta para que novas histórias aconteçam. Aprendi que dor de amor não mata e com a chegada da tal maturidade a gente aprende a sofrer com mais dignidade. Não é preciso plateia, você cai e levanta sem provar nada pra ninguém. Aprendi que por acaso é uma maneira carinhosa de Deus nos presentear com pessoas e momentos especiais e que vez ou outra eu só vou compreender a razão disso tudo lá na frente. Aprendi que colocar os pés pelas mãos é inevitável e além das cicatrizes quando tudo dá errado, coleciono as maiores aventuras. Aprendi que correr risco é obrigatório e viver em cima do muro bloqueia novas experiências, os tombos são eficazes pro nosso crescimento. Aprendi que joelhos ralados contam as inúmeras oportunidades que me dei de acertar e ser feliz. Aprendi que a vida acontece e que quando tudo começa a se encaixar é bem provável que tudo se vire do avesso outra vez e o grande barato está aí.

~* Remar...Re-amar...Amar!

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. Ta me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, é só me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar... Re-amar... Amar!

~* Livre e espontânea vontade...

A cena era muito simples: nós dois, um bar e eu mexendo no cordão dele- que era só um acessório, mas eu, como sempre, interpretava mundos naqueles pingentes. Uma chave e um cadeado sem espaço para chaves. Um cadeado que só abriria com a força bruta, arrombado, quebrado, violentado. E essa ideia se espalhava pelo meu pensamento, se ecoando e desdobrando em mil possibilidades e hipóteses e simbolismos implícitos. Ele falava sobre a origem da chave, pulava pra outro assunto, depois outro e outro, mas eu já tava presa na metáfora da chave. “Tô chateada que o seu cadeado não abre.”, deixei escapar como um soluço. Porque a cena, apesar de muito simples, sintetizava toda a minha vida, minha sina e meu vício. O hábito de desligar a minha atenção do mundo e deixar passar todos os avisos, diálogos, sinais, todas as verdades, enquanto eu maquino uma maneira sutil de invadir cadeados. Me senti ridícula e aliviada por me sentir assim a tempo. Antes de qualquer processo bruto de tentativa de abertura. Sem ter tido que usar a força: nem pra ficar, nem pra ir embora. Porque meus joelhos já não suportam o peso de entrar pela janela. Os arranhões ensanguentados de procurar uma chave inexistente embaixo do tapete, dia após dia. Agora, se não me der a chave da porta da frente, por livre e espontânea vontade, eu respeito a tranca. Eu levanto bandeira branca, pro vermelho não me simbolizar sangue, só amor.