quarta-feira, 19 de junho de 2013

~* A vida sempre segue, sempre marca, sempre muda!

Parei de negar, de querer deixar o passado de lado e sofrer toda vez que me lembro dele e de você. Eu sou o que sou porque você é o que é, porque a gente foi o que foi, não tem pra onde fugir. Você, querendo ou não, faz parte de mim e de tudo o que eu me tornei, de tudo que eu mudei e joguei fora. Não vou mais choramingar pelos cantos reclamando e me arrependendo de ter te conhecido. Acredito que tudo que acontece, era pra acontecer, simples assim. Tudo na vida tem um propósito e o teu foi esse: me fazer crescer. Me fazer evoluir, amadurecer. Me fazer parar de ser a menina boba que acreditava em qualquer palavra bonitinha de qualquer um. Não acredito em mais nada, nem em ninguém. Prefiro assim, realismo puro, como deve ser. E não pense que vou te agradecer por isso, não fez mais que a sua obrigação, sejamos francos. Depois te tanta dor a recompensa tinha que valer a pena, e valeu. Pode passar o tempo que for, to consciente de que um pedaço teu vai estar sempre aqui, e aceito, sem pestanejar. Ficar fazendo força pra esquecer um passado que já faz parte de quem você é, é lembrar em dobro toda a dor que te fez mudar. Cansei de masoquismo, mudei porque foi necessário, porque você me mostrou que mudar era necessário e é isso. Você passou, deixou uma marquinha ali no canto e a vida seguiu. Sempre segue. Sempre marca. Sempre muda.

~* Por que não escrevo mais?

Me deparei com a pergunta: por que eu não escrevo mais? Não escrevo mais porque todos os meus textos são sobre você. E eu me cansei disso, digo: de você. Cansei de exaltar suas qualidades e até mesmo inventar algumas. Cansei de escrever sobre a falta que você me fazia e ainda faz, por mais que eu odeie admitir isso. Cansei de escrever pedindo desculpas e sobre sua falta de percepção. Eu preciso seguir com a vida, só que dessa vez, sem você. E pra que isso aconteça, eu preciso desatar esse nó que me prende a você. É por isso que eu não escrevo mais. Não escrevo porque você ficou no passado e infelizmente, o momento qual estou vivendo, se chama presente.

~* Combinamos que não era amor...

Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós. A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e perguntou: “Não to esquecendo nada?” E eu quis gritar: “Tá, tá esquecendo de mim”. E você depois perguntou: “Não tem nada meu aí?” E eu quis gritar: “Tem, tem eu”. Eu sempre fui sua. Eu já era sua mesmo antes de saber que você um dia não ia me querer. Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu meu biscoito favorito, fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho e cheirou meu travesseiro pra tentar lembrar meu cheiro. Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer. Só isso é o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. Não deixa eu assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica engraçado molhado. Não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver. Não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso. Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, aquele outro mais velho, e aquele outro da festa, todos aqueles outros viram formiguinhas e eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: “Putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você?”. Coitado. Adoro como o mundo fica quase, fica de mentira quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo. Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre. E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você não se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou me fantasiando de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo: “Boa balada, boa ideia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: não existe ninguém aqui dentro. Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no seu joelho, só pra me enganar que você é meu dono. Só pra enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita.